Transtornos Alimentares na infância & o bullying nas escolas
"Indivíduos com TAs tinham probabilidade duas a três vezes significativamente maior de terem sido provocados por sua aparência e intimidados antes do início de seus TAs."
Na última semana, duas das minhas últimas publicações no Instagram trouxeram temas que se correlacionam e exigem muita atenção de nós, profissionais, e também dos pais ou cuidadores, pois os TAs podem começar na infância.
Segundo um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics, a incidência TA em crianças de 9/10 anos é maior do que haviam apresentados pesquisas anteriores.
Um salto de 0,1% para 1,4%, ou seja, 14 vezes maior do que os dados divulgados por pesquisas anteriores.
O que consistente com pesquisas anteriores que demonstram a falta de diferenças sexuais pré-púberes em TAs.
Essa informação combate a concepção geral de que TAs são “problemas de menina”, quando, na verdade, também afetam o sexo masculino desde muito cedo.
Além disso, sabemos que pressão social incide mais sobre as meninas na adolescência e idade adulta. E que homens são mais relutante em buscar ajuda e apoio em qualquer condição médica e, em especial, mental do que as mulheres. Esse fator pode enviesar as amostras dos estudos.
Indivíduos com TAs tinham probabilidade duas a três vezes significativamente maior de terem sido provocados por sua aparência e intimidados antes do início de seus TAs.
Além disso, crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesos sofrem bullying e provocações com mais frequência do que seus pares com peso eutrófico.
Encontrei algumas falas que exemplificam muito bem algumas situações vividas por crianças nas escolas no livro FAMINTA da Tatiana Cavalcante. Inclusive já fiz dois posts sobre ele:
Me apavorei com a ideia da balança me dedurar à escola inteira também. Então, naquele momento, constatei que o meu estava bem próximo, à mercê da ordem alfabética da lista de chamada - FAMINTA - Tatiana Cavalcante pág. 75
Senti o tremendo peso do meu peso revelado pra quem quisesse ouvir. Não achava que poderia existir algo pior do que a forma como alguns médicos de regime me tratavam, mas descobri que sim. - Tatiana Cavalcante Pág. 76
A fala do professor me acuou, senti vergonha de ser como eu era. Mas a reação dos colegas me intimidou ainda mais e fiquei me perguntando como seria vê-los rindo de mim daquele jeito para sempre. Alguém como eu jamais deveria ser vista. - Tatiana Cavalcante Pág. 76
Ser um garota fora dos “padrões” era como infringir às leis dos médicos de regime e da minha escola inteira. Eu como se o meu corpo gordo não apenas incomodasse a todos, mas os ferisse por existir. Eu não era como deveria ser, na verdade, eu era exatamente como não podia ser. Passei a me odiar por isso e a me incomodar muito com a minha aparência; logo, o incômodo virou nojo, repulsa. Me calei, me retrai. - Tatiana Cavalcante Pág. 80
Boa semana! 🌻