O luto no filme "A Baleia"
Para quem não conseguiu participar, separei aqui alguns insights da nossa discussão sobre o filme!
Na última segunda, dia 24/04, realizei um encontro promovido pelo meu grupo de estudos em TA na abordagem junguiana para falarmos sobre o filme “A Baleia”.
Muitas pessoas me questionaram sobre qual era minha percepção sobre o filme. Vou contar algumas reflexões que tive sobre o ele:
Sinopse: “Em A Baleia, seguimos um professor de inglês e seu relacionamento fragilizado com sua filha, Ellie. Charlie (Brendan Fraser) é um professor de inglês recluso, que vive com obesidade severa e luta contra um transtorno de compulsão alimentar. Ele dá aulas online, mas sempre deixa a webcam desligada, com medo de sua aparência. Apesar de viver sozinho, ele é cuidado pela sua amiga e enfermeira, Liz (Hong Chau). Mesmo assim, ele é sozinho, convivendo diariamente apenas com a culpa, por ter abandonado Ellie (Sadie Sink), sua filha hoje adolescente que ele deixou junto com a mãe Mary (Samantha Morton), ao se apaixonar por um homem. Agora, ele irá buscar se reconectar com a filha adolescente e reparar seus erros do passado. Para isso, ele pede para que Ellie vá visitá-lo sem avisar sua mãe e ela aceita, com o única condição de que ele a ajuda a reescrever uma redação para a escola.”
Apesar do burburinho sobre o filme “A Baleia” no que se refere à temática da obesidade e transtornos alimentares, para mim essa não é a questão principal abordada no filme.
Luto, isolamento, baixo autoestima, vergonha, culpa e sexualidade são.
É interessante saber que existem poucos estudos sobre a relação entre luto e transtorno alimentar.
A psicóloga Dra Maria Helena Franco - referência no assunto @mhelenapfranco - relata que o “luto é a vivência natural e esperada diante do rompimento de um vínculo significativo”.
O rompimento de um vínculo significativo pode causar, entre outras alterações esperadas, oscilações de apetite e de peso (decorrentes da intensidade de emoções vividas nesse momento).
Entretanto, para uma pessoa que sofre com transtorno alimentar ou uma pessoa que apresenta uma série de fatores predisponentes para o TA, a perda de uma pessoa significativa pode ser um fator precipitaste para o seu desenvolvimento ou até um fator agravante do quadro.
A perda do parceiro por suicídio acaba sendo esse fator para Charlie.
Mas não é apenas essa perda que ele esta tendo que lidar, mas também a perda da filha, das conexões humanas da liberdade, da independência e da autenticidade da própria vida…
Charlie fica ilhado:
Da aula on-line em curso universitário com câmera desligada.
Todo filme se passa dentro de um mesmo cenário - sua casa. Quase sempre o cenário é chuvoso, de noite… exceto quando o pássaro aparece.
Nunca sai de casa, até mesmo a comida lhe é entregue em casa ou por sua colega enfermeira.
Esse aspecto do isolamento discutido no encontro, me fez pensar sobre essa imagem:
De modo geral, o filme me agradou muito, abordando de uma forma sensível a temática.
Uma abordagem precipitada e reativa do nome do filme pode fazer com que você perca a oportunidade de refletir sobre todo o simbolismo contido na imagem da baleia e sua relação com os temas abordados no filme.
Você já assistiu o filme? Qual foi sua opinião? Comenta aqui ou no post!
Boa semana! 🌻