O Brasil é, pelo 14º ano consecutivo, o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.
Amanhã é o Dia Nacional da Visibilidade Trans!
O Dia Nacional da Visibilidade Trans ocorre dia 29 de janeiro e traz atenção para as reivindicações da população travesti e trans brasileiras.
Por isso, gostaria de chamar a atenção para o recente trabalho produzido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA): O “Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras" referente ao ano de 2022.
Este documento apresenta dados significativos e uma análise elucidativa sobre a difícil realidade enfrentada por essa comunidade. Recomendo a leitura integral do dossiê.
Para facilitar o acesso à informação, destaco os principais pontos abordados no documento:
O Brasil permanece como o país que mais assassinou pessoas trans do mundo em 2022, seguido do México e Estados Unidos.
No ano de 2022, tivemos pelo menos 131 assassinatos de pessoas trans:
Dos assassinatos 130 eram travestis e mulheres transexuais e 1 homem trans/pessoa trans masculina. As travestis e mulheres trans:
Enfrentam os maiores índices de abandono familiar;
Têm os maiores índices de expulsão dos espaços públicos;
São as identidades mais marginalizadas e que enfrentam os piores estigmas sociais;
Dentre toda a comunidade LGBTQIA+, são a maior parcela desempregada, em subempregos e/ou na prostituição;
Em termos gerais, tem a menor renda de toda a comunidade LGBTQIA+;
Entre pessoas trans, é maioria no cárcere e as que menos recebem visitas;
Tem o maior índice de infecção e estigmas relacionados ao HIV/AIDS;
Devido a violência e dificuldade de acesso a direitos básicos, especialmente aos cuidados em saúde, tem a menor estimativa de vida;
São a maioria dos casos de suicídio entre pessoas LGBTQIA+.
Em números absolutos, Pernambuco foi o estado que mais matou a população trans em 2022, com 13 assassinatos. São Paulo ocupa a 2ª posição.
A maior concentração dos assassinatos voltou a ser observada na Região Nordeste.
Dentre as pessoas trans assassinadas em 2022, 89% delas tinham entre 15 e 39 anos.
Em 2022 a mais jovem vítima de transfeminicídio tinha 15 anos.
Não resta dúvidas de que é a população trans negra a que tem maiores chances de ser assassinada.
Os crimes ocorrem majoritariamente em locais públicos, principalmente, em via pública, em ruas desertas e à noite.
Os casos acontecem em sua maioria com uso excessivo de violência e requintes de crueldade.
A maior parte dos suspeitos, em geral, não costumam ter relação direta, social ou afetiva com a vítima.
Entre as vítimas, a prostituição é a fonte de renda mais frequente.
A categoria “Transgênero” cresceu 75% no PornHub, um do maiores portais de filmes adultos. Se tornou a 7ª categoria mais popular em todo o mundo e a categoria mais vista no Brasil:
Fonte: Pornhub
“Chama atenção o país figurar novamente como o que mais consome pornografia trans nas plataformas digitais de conteúdo adulto no mesmo momento em que o Brasil figura como o país que mais assassinou pessoas trans pelo 14º ano consecutivo.”
Em 2022, foram catalogados 20 casos de suicídio, sendo 1 pessoa Não Binária, 6 casos entre homens trans/transmasculinos e 13 travestis/mulheres trans.
Os dados contidos no dossiê são de extrema relevância para uma compreensão mais aprofundada da situação enfrentada por travestis e transexuais em nosso país, proporcionando uma visão chocante da realidade enfrentada por essa comunidade.
Outras leituras:
Yasmin Finney interpretando Elle em HeartStopper.
Recomendação de Livro para profissionais da saúde: Saúde LGBTQIA+ práticas de cuidado transdisciplinar
Newsletter do Dia Nacional da Visibilidade Trans e Transtornos Alimentares
Duas séries para ver: HeartStopper (Netflix) e Euphoria (HBO Max)
Uma HQ para ler: HeartStopper
Tem algum outro material para indicar? Comenta no post do instagram que vai sair amanhã sobre o Dia Nacional da Visibilidade Trans, vou ficar muito feliz em saber.